O surgimento de um novo material para ser utilizado no reparo minimamente invasivo do pectus tem provocado confusão com o material já existente em nosso meio. Entretanto, a diferença e as possibilidades com o novo material são substanciais. Nesse sentido, é importante destacar as principais características desse novo material.
Cenário
Desde que se iniciou o reparo minimamente invasivo do pectus excavatum (MIRPE) há 25 anos, o único material que os cirurgiões dispunham eram as barras metálicas importadas. Essas barras:
a) têm ranhuras nas extremidades e são de aço inox;
b) a fixação das barras é por meio de estabilizadores perpendiculares à barra;
c) essas barras foram desenvolvidas para serem usadas isoladamente. Nos casos que exigem usar mais do que uma, é necessário improvisar: as barras têm que ser amarradas com fios de aço.
O novo material
Produzido pela Traumec (Rio Claro, SP) é um conjunto de dispositivos implantáveis que foram desenvolvidos para serem utilizados no reparo minimamente invasivo do pectus excavatum (MIRPE) e do pectus carinatum (MIRPC).
A principal característica desse material é dispor de três sistemas diferentes para a estabilização das barras metálicas: estabilizadores, barras em sandwich e pontes (bridges). Esses sistemas de estabilização e as características do material serão descritas a seguir:
Barras metálicas
As novas barras são lisas, sem ranhuras nas extremidades; isso visa reduzir acidentes quando da retirada das barras (Fig. 1).
Estabilizadores
São fabricados em dois modelos diferentes, perperdiculares e oblíquos às barras. Cada modelo tem três tamanhos diferentes. Com isso, o cirurgião escolhe durante o ato cirúrgico qual o modelo que melhor se adapta a caixa torácica do paciente.

Figura 1 – Barras de titânio com extremidades lisas e conjunto de estabilizadores perpendiculares e oblíquos, com parafusos de fixação incorporados à estrutura dos estabilizadores.

Os estabilizadores têm o canal maior para introdução da barra, permitindo que mesmo depois de moldada a barra ainda possa ser acomodada no estabilizador. Isso evita ter que finalizar a moldagem da barra quando já colocada no paciente.
Os estabilizadores também têm parafusos incorporados em sua estrutura, evitando que se tornem corpos estranhos. Isso também faz com que o estabilizador possa ser fixado em qualquer ponto da barra (Fig 1).

Barras em sandwich
Nesta técnica, uma barra é colocada por cima (no subcutâneo) e travada na barra que esta colocada por baixo do esterno, estabilizando o conjunto. Esse sistema praticamente elimina possíveis deslocamentos das barras (Fig. 2).

Figura 2 – Barras em sandwich para serem locadas acima e abaixo do esterno.

Pontes (bridges)
São barras transversais que permitem a fixação segura de mais de uma barra (Figura 3). Esse sistema virtualmente elimina a possibilidade de deslocamento das barras.

Figura 3 – Rx de tórax em perfil demonstrando as barras transversais que fixam duas barras metálicas. O sistema praticamente elimina a possibilidade de deslocamento das barras.

Parafusos de esterno
Para serem fixados no esterno no inicio da cirurgia de forma que todo o procedimento possa ser realizado com elevação do esterno (manobra de Crane) (Fig. 4). Isso torna o procedimento mais seguro e ajuda a moldar a posição final do osso esterno e cartilagens.

Figura 4 – Parafusos de diferentes comprimentos para serem fixados no esterno. A perfuração na extremidade do parafuso permite a passagem de um fio de aço para criar uma alça que vai ser utilizada para fazer a elevação do esterno (manobra de Crane).

A exposição dessas características demostra que as possibilidades oferecidas pelo novo material Traumec são muito maiores que o material previamente existente.