Há alguns anos foi sugerido que um dispositivo gerador de vácuo aplicado na parede torácica, sobre a área do defeito, poderia corrigir o pectus excavatum. A ideia simplista (e errônea) de que o vacuum bell possa substituir uma cirurgia corretora do pectus, sem os riscos cirúrgicos, é tão sedutora quanto falsa.
Até onde seja de meu conhecimento não há evidencias na literatura medica que confirmem que o vacuum bell reposicione o osso esterno que, nos casos de pectus, está projetado para dentro do tórax. O único efeito comprovado do vacuum bell foi que ele causa aumento do tecido adiposo (tecido gorduroso) provocando espessamento da parede torácica anterior, mas sem alterar a posição do osso esterno (1). Um trabalho recente mostra que numa parcela pequena de pacientes o espessamento médio da parede é de apenas 0,7 cm após meses de uso (2)!
Lamentavelmente os pacientes não estão cientes destes fatos. Os usuários do vacuum bell precisam saber que, na pratica, mesmo após meses de uso, o vacuum bell não irá alterar o pectus mas apenas “engordar” a pele na região onde foi aplicado.
Também há autores que defendem que em crianças menores o vacuum bell possa ter efeito; ou que o vacuum bell usando no pré-operatório possa tornar a cirurgia mais fácil…Mas, mais uma vez, não existe comprovação cientifica dessas presunções.
O motivo pelo qual não indico o vacuum bell para os pacientes é exatamente esse: porque não existem evidências cientificas a respaldar seu uso.

Referências:
1. Tedde M. Letter to the Editor in response to: The hidden (and fatty) side of vacuum bell. J Pediatr Surg. 2022;57(11):746. doi: 10.1016/j.jpedsurg.2022.05.017.
2. Toselli L, Chinni E, Nazar-Peirano M, et al. Determinants of success associated with vacuum bell treatment of pectus excavatum. J Pediatr Surg 2022 S0022-3468(22)00283-4. doi:10.1016/j.jpedsurg.2022.04.010.