Como qualquer procedimento cirúrgico a correção do pectus excavatum, seja pela técnica de Ravitch ou por MIRPE, tem riscos. A lista de possíveis complicações relacionadas, tanto a uma quanto a outra é longa, mas felizmente essas complicações tem baixa incidência, ou seja, raramente ocorrem (1).
Neste espaço limitado vamos nos ater a comentar duas complicações que, embora raras, tem um potencial de gravidade muito grande. Elas são: a) lesão de órgãos mediastinais na dissecção do túnel retroesternal e b) deslocamento das barras metálicas.
A dissecção do túnel retroesternal é um tempo cirúrgico importante. E nesse local, por trás do esterno e na frente do pericárdio, que as barras metálicas irão ficar apoiadas para empurrar o esterno para frente e corrigir o pectus. Mas o que ocorre é que esse espaço é muito pequeno e, por isso, a criação do túnel deve ser feita com cuidado para evitar lesar estruturas importantes. Nos já havíamos descrito uma modificação técnica cujo objetivo era tornar mais seguro esse tempo cirúrgico (2). E essa situação melhorou mais ainda com o novo material nacional para realizar o MIRPE. Existe agora disponível um sistema que permite tracionar para cima o osso esterno, a chamada manobra de Crane (3,4). Essa manobra aumenta o espaço entre o esterno e o pericardio tornando muito mais segura a dissecção do túnel retroesternal.
A outra complicação seria é o deslocamento das barras metálicas por que a barra deslocada pode comprimir estruturas vitais. No material tradicional, a única maneira para fixar as barras metálicas colocadas no tórax do paciente era um modelo de estabilizador. Entretanto, existem inúmeros casos de barras que se deslocaram apesar de estarem com estabilizador. O novo material nacional tem três sistemas diferentes de se fixar as barras metálicas: estabilizadores (são 6 modelos diferentes), barras em sandwich e pontes. Com esse material, é muito improvável que as barras se desloquem.
E um outro aspecto que contribui para reduzir complicações é que as barras do novo material nacional são feitas de titânio. O titânio é o material por excelência para se fabricar próteses implantáveis e isso reduz a chance de haver alergia e rejeição aos implantes.
E inquestionável que o MIRPE realizado com o novo material nacional se tornou mais seguro. Entretanto, como em qualquer procedimento cirúrgico, infelizmente complicações ainda podem ocorrer.

Referências:
1. Akhtar M, Razick DI, Saeed A, Baig O, Kamran R, Ansari U, Sajid Z, Rahman JE. Complications and Outcomes of the Nuss Procedure in Adult Patients: A Systematic Review. Cureus. 2023;15(2):e35204. doi: 10.7759/cureus.35204. eCollection 2023 Feb.
2. Tedde ML, Togoro SY, Eisinger RS, Okumura EM, Fernandes A, Pêgo-Fernandes PM et al. Back to the future: a case series of minimally invasive repair of pectus excavatum with regular instruments. J Bras Pneumol. 2019;45(1):e20170373. doi: 10.1590/1806-3713/e20170373.
3. Park HJ, Chung WJ, Lee IS, Kim KT. Mechanism of bar displacement and corresponding bar fixation techniques in minimally invasive repair of pectus excavatum. J Pediatr Surg. 2008;43(1):74-8. doi: 10.1016/j.jpedsurg.2007.09.022.
4. Park HJ, Rim G. Development of a Screw-Crane System for Pre-Lifting the Sternal Depression in Pectus Excavatum Repair: A Test of Mechanical Properties for the Feasibility of a New Concept. J Chest Surg. 2021;54(3):186-190. doi: 10.5090/jcs.21.008.