A cirurgia minimamente invasiva do pectus excavatum foi descrita há 25 anos por um cirurgião americano chamado Donald Nuss, e por isso esse procedimento também é conhecido como cirurgia de Nuss (1). Essa técnica consiste em moldar uma barra metálica no formato que se quer dar ao tórax do paciente, introduzi-la em posição côncava por baixo do esterno e roda-la 180 graus reposicionando o esterno em sua posição anatômica (Fig. 1)

Figura 1 – Barra moldada em posição côncava por baixo do esterno à esquerda; e após ser rodada à direita.

Figura 1 – Barra moldada em posição côncava por baixo do esterno à esquerda; e após ser rodada à direita.

Como ao longo do tempo essa técnica cirúrgica foi sendo modificada por vários autores, na literatura medica atual ela tem sido chamada de MIRPE (Minimally Invasive Repair of Pectus Excavatum), uma designação que engloba todas essas alterações.
Essas modificações foram sendo introduzidas no sentido de tornar a cirurgia mais segura. Por exemplo, eu mesmo sugeri uma modificação técnica cujo objetivo é tornar a dissecção do túnel retroestenal mais segura. Essa modificação decorreu de um projeto de pesquisa e está publicada (2).
Mas além das modificações técnicas há um outro aspecto. O reparo minimamente invasivo do pectus excavatum (MIRPE) é uma técnica cirúrgica que depende de um material cirúrgico dedicado (barras metálicas e estabilizadores) para poder ser realizada. Por anos o único material disponível no País era importado, e esse material apresenta limitações: é um material concebido para se usar apenas uma barra, quando são utilizadas duas barras no mesmo paciente, a alternativa é fazer uma fixação improvisada, por exemplo. Recentemente essa situação mudou.
Em decorrência de dois projetos de pesquisa realizados no InCor (3), em 2022 foi disponibilizado um material de fabricação nacional que alterou muito esse quadro. Esse novo material tem algumas características que tornaram a cirurgia mais segura e mais efetiva do ponto de vista anatômico, ou estético.

Referências:
1. Nuss D, Kelly RE Jr, Croitoru DP, Katz ME. A 10-year review of a minimally invasive technique for the correction of pectus excavatum. J Pediatr Surg. 1998;33(4):545-52. doi: 10.1016/s0022-3468(98)90314-1.
2. Tedde ML, Togoro SY, Eisinger RS, Okumura EM, Fernandes A, Pêgo-Fernandes PM et al. Back to the future: a case series of minimally invasive repair of pectus excavatum with regular instruments. J Bras Pneumol. 2019;45(1):e20170373. doi: 10.1590/1806-3713/e20170373.
3. Os projetos CAAE 73412417.0.1001.0068 e CAAE 29724420.1.0000.0068 foram fundeados pela FAPESP processo nº 2014/15290-7, e Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e contaram com a parceria da Traumec Tecnologia e Implantes.